Edwin Hubble

Além de mostrar que o Universo ia além da nossa própria galáxia, o astrônomo americano descobriu que o próprio Cosmo estava em expansão.

edwin hubbleQuando jovem, ele era mais reconhecido por seus dotes atléticos do que pela capacidade intelectual. Mas estamos falando do cientista que fez Albert Einstein reconhecer o maior erro da sua vida.

Edwin Hubble (1889-1953) nasceu no Missouri, Estados Unidos, mas passou boa parte de sua vida incomodando os colegas por seus maneirismos britânicos, adquiridos em Oxford. Tão versado na ciência astronômica quanto nos esportes, ele foi pugilista quando jovem e chegou até a treinar o time de basquete de uma escola no ensino médio.

Mas fi ao receber uma oferta de trabalho no Observatório Monte Wilson, na Califórnia, em 1919, que Hubble começou a expandir as fronteiras do Universo.

Até então, imaginava-se que tudo que existia era a Via Láctea, com bilhões de estrelas. Mas, durante observações conduzidas no monte Wilson (então equipado com o maior telescópio do mundo), entre 1922 e 1923, Hubble foi capaz de demonstrar que muitas das manchas conhecidas como nebulosas eram galáxias, como a própria Via Láctea.

selo edwin hubble

Num movimento curiosos, Hubble publicou primeiro seu achado no jornal americano The New York Times, em novembro de 1924, para só em janeiro de 1925 comunicar oficialmente a descoberta à comunidade científica, numa reunião da Sociedade astronômica Americana.

Expansão de verdade

Até aí, ficou claro que o Universo era muito maior do que antes de imaginava. Mas verdadeira expansão cuja identificação é atribuída a Hubble veio um pouco mais tarde, em 1929.

O astrônomo percebeu que, quanto mais distante estava uma galáxia observada, mais avermelhada sua luz parecia ser. Nem ele, nem ninguém, pensou que galáxias   distantes pudessem ser mesmo vermelhas. O que parecia estar acontecendo é que a própria luz estava se transformando, se distorcendo, com as frequências desviando-se para o vermelho.

Isso seria fácil de explicar caso todas as galáxias estivessem se afastando umas das outras. Quando mais longe elas estavam, mais rápido se distanciavam, aumentando o desvio pra o vermelho.

Esse fenômeno em si já não era tão misterioso. Seria o equivalente luminoso do que acontece com as ondas sonoras. Exemplo clássico: uma ambulância em deslocamento. Quando ela se aproxima de você, o som da sirene parece ter certo tom. Ao ultrapassar e se distanciar, parece que o tom muda. O “desvio do vermelho” é só a versão ótica deste fenômeno, conhecido como efeito Doppler. Se o objeto está se aproximando, o desvio é para o azul. Se está se afastando, é para o vermelho. As galáxias estavam se afastando.

Só que os desvios observados na luz de galáxias distantes pareciam indicar algo mais que só o afastamento. Eles pareciam ser criados pelo fato de que o próprio espaço entre as galáxias estava se esticando. “O próprio Hubble foi surpreendido”, diz Augusto Damineli, astrônomo da USP.

A conclusão de que o espaço estava se expandindo, esparramando mais e mais o conteúdo do Universo, se tornou a primeira evidência concreta de que houve o Big Bang – um começo pequeno e explosivo para o Universo. E consolidou a teoria da relatividade geral em sua versão clássica, formulada em 1915.

Quando Einstein aplicou sua teoria ao Universo inteiro, em 1917, percebeu que ela só permitia a existência de um Cosmo em expansão ou em contração, mas não estático. O físico alemão tinha um preconceito: para ele, o mundo deveria ser estático e eterno. Por isso, alterou suas equações e introduziu uma “constante cosmológica” a fim de estabilizar o Universo.

Hubble, ao descobrir que o Universo estava em expansão, mostrou que a alteração de Einstein era desnecessária. Reconhecendo a besteira, o alemão assumiu a constante cosmológica como “o maior erro da minha vida”.

O Universo em Espansão

  1. Hubble observou galáxias distantes e percebeu que, quanto mais longe elas estavam, mais redshift (desvio para o vermelho) sua luz apresentava.
  2. O astrônomo concluiu que a razão para o desvio só podia ser o esticamento dos comprimentos de onda luminosos ao passar pelo espaço em expansão.
  3. Como o próprio espaço se estica, as ondas ficam mais compridas e deslocam-se para a porção vermelha do espectro.
  4. Hubble usou as observações para calcular a taxa de afastamento das galáxias, o que por sua vez permitiu estimar quando o Universo deveria ter começado.

Telescópio Hubble

telescópio edwin hubble

Em 1946, um astrofísico chamado Dr. Lyman Spitzer (1914-1997) propôs que um telescópio no espaço revelaria imagens muito mais claras e de objetos mais distantes do que qualquer telescópio no solo. Essa era uma idéia impressionante levando-se em consideração que ainda não havia sido lançado sequer um foguete ao espaço. Conforme o programa espacial americano foi se desenvolvendo e se aprimorando nas décadas de 60 e 70, Spitzer tentou convencer a NASA e o Congresso Americano a desenvolverem um telescópio espacial. Em 1975, a Agência Espacial Européia (ESA) e a Nasa começaram a desenvolvê-lo. Em 1977, o Congresso aprovou fundos para o telescópio espacial, e a Nasa nomeou a Lockheed Martin Aerospace Company como a principal empreiteira a supervisionar a construção. Mais tarde, em 1983, o telescópio espacial recebeu seu nome em homenagem ao astrônomo americano Edwin Hubble, cujas observações de estrelas variáveis em galáxias distantes confirmou que o universo estava em expansão e apoiou a teoria do “Big Bang”.

Fonte:  Revista Super Interessante – Por dentro da mente de 29 Gênios. Coleções. Edição 304-A. Maio, 2012.

Portal HowStuffWorks

Deixe um comentário