Johannes Kepler

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Astrólogo e escritor de ficção científica, ele revolucionou a astronomia, tornando o céu pela primeira vez previsível. Mas não sem viajar muito.

Dentre os primeiros cientistas modernos da história, não deve haver um menos convencional que Johannes Kepler. Imagine um sujeito que, em pleno século 17, estava escrevendo ficção científica, defendendo a mãe da acusação de bruxaria e ao mesmo tempo desvendando ps segredos mais sutis das órbitas dos planetas. Era ele.

Kepler nasceu em Weil der Stadt, na Alemanha, em 1571. O pai era um soldado mercenário, e a mãe, uma espécie de curandeira. A renda da família era curta. Mas isso não impediu que ele buscasse no estudo dos céus sua própria estrela.

Sua fama inicial veio das habilidades matemáticas e de um sucesso surpreendente com a astrologia. Na Universidade de Tübingen, onde foi estudar, em 1589, Kepler aprendeu sobre as ideias de Copérnico e se tornou adepto do heliocentrismo.

Ordem Geométrica

A primeira grande obra kepleniana surgiu depois de uma lampejo que ele teve dando uma aula de matemática a jovens estudantes. Ao desenhar dois círculo, um dentro de um triângulo, outro por fora, contornando-o, surgiu-lhe a ideia de que as órbitas dos planetas deviam se dispôr conforme fossem inseridas dentro dos chamados sólidos conforme fossem inseridas dentro dos chamados sólidos perfeitos – aqueles que têm todas as fazes iguais.

“Kepler via seu arranjo como a expressão do sonho pitagórico de obter uma explicação geométrica para os mistérios do mundo. Para ele, essa era a teoria final”, diz Marcelo Gleiser, físico do Dartmouth College, nos EUA, que escreveu um romance sobre a vida do astrônomo.

Entretanto, a intuição nem sempre leva os cientistas aos lugares certos. A hipótese de Kepler, risível nos dias atuais, estava errada. Contundo, foi o suficiente para chamar a atenção de outros colegas e, em 1600, levá-lo a se tornar assistente de Tycho Brahe, o maior astrônomo observacional do mundo antes da invenção do telescópio.

De posso dos meticulosos dados obtidos por Brahe, Kepler pôde finalmente decifrar o movimento dos planetas. Mas, para isso, teve de sacrificar justamente a beleza geométrica que tanto prezava. Pois as órbitas planetárias não deveriam ser círculos perfeitos, e sim elipses – formas ovais -, tendo o Sol em um de seus dois focos.

Com base nessa constatação, feita em 1605, Kepler foi capaz de usar seus talentos matemáticos para ir ainda mais longe, decifrando algumas regras que até hoje são usadas pelos astrônomos para cálculos orbitais. Ele descobriu que os planetas, em sua trajetória ao redor do Sol, varriam áreas iguais da elipse em tempo iguais. Dito de outra maneira, eles andavam mais depressa conforme estavam mais perto da estrela e mais devagar quando estavam mais longe.

Por fim, em 1618, Kepler chegou à terceira e mais significativa descoberta – o fato de que uma equação matemática simples podia escrever o movimento planetário  O tempo que um planeta leva para completar sua órbita, ao quadrado, é proporcional ao cubo da distância média do Sol.

Essa última revelação foi publicada em 1619 no livro Harmonias do Mundo, em que o astrônomo apresentava também sua concepção de como Deus teria criado o Universo de acordo com certas regras que podem ser observadas, por exemplo, na música.

É incrível como grandes descobertas se misturam a especulações desvairadas em todo o trabalho de Kepler – fruto do modus operandi intuitivo com que abordava questões científicas.

Isso também dificultou a aceitação imediata de seus resultados. Galileu, por exemplo, jamais abandonou os círculos em favor das elipses para as órbitas planetárias, apesar de conhecer o trabalho de Kepler. De todo forma, pela primeira vez na história as posições dos astros no céu se tornaram passíveis de previsões precisas.

As três leis de movimento planetário

1. Todos os planetas se movem em trajetórias elípticas, tendo o Sol em um dos focos.

kepler 1ª lei

2. Uma planeta varre áreas iguais da elipse em empo iguais.

kepler 2ª lei

3. O quadrado do período da órbita é proporcional ao cubo da distância média.

kepler 3ª leifórmula kepler

Fonte:  Revista Super Interessante – Por dentro da mente de 29 Gênios. Coleções. Edição 304-A. Maio, 2012.

 

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