Leonardo da Vinci

da vinciFamoso pelos quadros, o renascentista tem uma obra que vai muito além e revoluciona os campos da engenharia e da anatomia.

Até mesmo os estudiosos tem dificuldade para categorizar e compreender o tamanho da contribuição de Leonardo da Vinci à ciência e à cultura modernas. E nem é pelo fato de o sujeito ter produzido todos os seu escritos – são cerca de 6 mil páginas, só contanto as que sobreviveram – invertidos, só passíveis de leitura se colocados diante do espelho.

Sem dúvida esse é mais um dos muitos elementos que ajudam a criar uma aura de mistério sobre o gênio renascentista. Mas na verdade era mera questão de praticidade. Canhoto, Leonardo escrevia mais depressa e preservava o papel limpo (sem borrar a tinta) escrevendo da direita para a esquerda.

monalisaNascido em 15 de abril de 1452 na pequena cidade italiana de Vinci, Leonardo se tornou famoso principalmente por seus quadros. Entre eles estão a Mona Lisa – o retrato mais famoso e parodiado do mundo – e a célebre Santa Ceia, com Jesus cercado por seus apóstolos.

Mas as contribuições dele para sua época vão muito além disso. Com seus diversos talentos, ele chegou a servir em Cesena como arquiteto e engenheiro militar. Entre seus feitos estão o mapeamento da região – numa época em que mapas eram extremamente incomuns – e o desenvolvimento de tecnologias para abastecimento de água e defesa da cidade.

santa ceia

Contudo, as maiores demonstrações de genialidade deixadas pelo renascentista foram os seus chamados “cadernos de notas”. Leonardo jamais demonstrou o desejo de publicá-los, mas foram de tal maneira organizado que permitiram isso com facilidade.

Princípio organizador

A obra de Leonardo abrangeu praticamente todos os campos do conhecimento, não raro com grande propriedade – sobretudo se levarmos em conta a época em que ele viveu onde os alicerces da cultura científica baseada na observação e na experimentação ainda não haviam sido sedimentados.

Muitos estudiosos acham que o alcance difuso do trabalho do italiano carecia de um princípio organizador. Mas Martin Kemp, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, defende que Leonardo chegou, por pura intuição, a esse fio condutor. “A premissa global com que Da Vinci trabalhava é que toda a aparente diversidade da natureza é sintoma de uma unidade interna, dependente de algo como uma ‘teoria de campo unificado’ que consiga explicar o funcionamento de tudo que existe no mundo observável”.

Trata-se de uma ideia que estava muito além do pensamento corrente, mesmo entre os grandes expoentes renascentistas. Mas Leonardo sempre se colocou muito além da própria vanguarda. Seus escritos continham projetos e alguns chegaram a funcionar como pretendido – embora outros tenham tido um desempenho menos impressionante.

Representante máximo do humanismo, ele foi também um grande estudiosos da anatomia. Seus estudos profundos do tema (e controversos para a época), embora não divulgados durante sua vida, foram aplicados de forma prática nas pinturas e esculturas que fez – quase como um mágico excepcional, que nunca revela seus truques.

Com essa atitude, Leonardo cultivou a imagem de um misterioso e sábio polímata, que ecoa até hoje quando mencionamos seu nome.

Revista Super Interessante – Por dentro da mente de 29 Gênios. Coleções. Edição 304-A. Maio, 2012.

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