Viver em resposta ao ambiente

Dos mais simples aos mais complexos seres vivos, todos dependem de uma coisa: da interação com o meio em que vivem. É a partir do que está disponível no ambiente que a vida se transforma. Os fatores abióticos moldam a vida de acordo com sua distribuição. Lugares mais secos exigem adaptações fisiológicas que permitam a menor perda de água possível. Tais mudanças podem envolver redução do tamanho das folhas, capacidade de armazenar mais água ou até mesmo aperfeiçoar sua utilização. Na falta de nitrogênio disponível para nutrição, plantas carnívoras desenvolvem estruturas que possibilitam a captação de tal recurso a partir de insetos ou aracnídeos que se dispõem a fornecê-lo ao custo de suas próprias vidas. Todo esse teatro tem um único diretor: o gene.

Mudanças estruturais ou até mesmo comportamentais podem ser previstas se analisarmos atentamente a genética de uma determinada espécie. Essas mudanças devem estar finamente sintonizadas com as modificações constantes do ambiente ao redor do ser vivo. Caso contrário, a regra é simples: extinção.

Foi esse um dos mistérios desvendados por Charles Darwin em sua longa análise do comportamento da vida ante as adversidades ambientais. A adaptação a um determinado clima, alimentação ou até mesmo a situações que evitem a redução na quantidade de indivíduos de uma população são as provas vivas de que tal estudo estava certo. Alguns animais lançam mão do mimetismo para evitar perdas significativas no número de indivíduos, não por escolha própria, mas por pressão de seus predadores, que são um dos fatores que podem selecionar as espécies que continuarão existindo, caso a relação presa/predador esteja desequilibrada. A genética de Mendel com seus estudos mais aprofundados e que geraram leis que, por motivos óbvios, não previram todo o comportamento esperado dos genes, deu à luz um conhecimento básico do funcionamento desse mecanismo altamente complexo de autocontrole observado nos genes.

Em resumo, a vida só pode existir se a interação entre fatores ambientais e genética estiver afinada. Existe certa flexibilidade nessa relação por parte dos genes, que possuem um tipo de “margem de erro” que pode funcionar ou não de acordo com as mudanças ambientais.

As adaptações sofridas pelos tentilhões e devidamente anotadas pelo pesquisador Charles Darwin provam que algumas espécies possuem, através da interação entre seus genes, a capacidade de transformar ao longo de algumas gerações, características que privilegiam uma determinada especiação. Na ocasião, as mudanças envolveram inclusive modificações na forma do bico dos tentilhões, o que gerou, por consequência, uma mudança nos nichos ecológicos das 14 espécies registradas, treze da ilha de Galápagos e uma da ilha dos Cocos.

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