Fosfatos: julgado e declarado inocente

Os fosfatos não tem sido muito populares devido a algumas campanhas que os culpam por poluir rios, lagos e baías. (Os fosfatos não chegam a ser uma ameaça aos oceanos, onde eles são rapidamente utilizados na cadeia alimentar e por fim caem para o fundo do mar). Parte deste fosfato poluente veiop de fertilizantes artificiais e de esgoto doméstico, mas a maioria vem de detergentes utilizados para lavar roupas e louças.

Tripolifosfato de sódio (STPP), que já foi ingrediente principal em detergentes, torna a água menos pesada por sequestrar o cálcio, e mantém a sujeira em suspensão uma vez que esta tenha sido removida das roupas. Em alguns sabões em pó, mais de um terço do seu peso era fosfato. Nos anos oitenta os fabricantes de detergentes reduziram a quantidade de STPP em seus produtos, e alguns foram até o fim para poderem rotular seus produtos como “sem fosfato”. Em muitas partes da Europa detergentes de lavanderia que utilizavam fosfato desapareceram das prateleiras dos supermercados pela ação dos ambientalistas – na verdade, os detergentes de cozinha ainda continuam a depender do STPP.

O problema começa quando o STPP entra nos esgotos e se associa ao fosfato das excretas humanas e do resíduo industrial. Parte deste fosfato foi removido por tratamentos de esgoto convencionais, mas a maioria termina nos rios. Muita cidades investiram pesado em melhorar as usinas de tratamento de água para remover o ofensivo fosfato. Em teoria, fazer isso pode não ter sido uma coisa ruim, embora tenha sido caro, em termos econômicos. Nova tecnologia no tratamento de esgoto permite a recuperação e reciclagem do fosfato, e podemos ainda encontrar atualmente detergentes que mais uma vez declaram que contém fosfatos (reciclados).

No passado, rios como o Reno e os Grandes Lagos na América do Norte sofriam de eutrofização, e qualquer detergente de fosfato pode não ser tão ambientalmente danoso como se acreditava. Esta doi a conclusão do The phosphate report, escrito por Bryn Jones, antigo diretor do Greenpeace, e o Dr. Bob Wilson. Eles realizaram uma auditoria ambiental do STPP, e o compararam com um componente alternatico no detergente, a zaólita, que é um silicato de alumínio e tido como ambientalmente benigno. O relatório é uma análise real destas substãncias, e leva em conta todos os custos ambientais, incluindo a mineração de materiais brutos, produção industrial, gastos de energia, custos de transporte, uso pelos consumidorese poluição ambiental. O resultado geral é que existe pouco a escolher entre o desvalorizado fosfato e as admiradas zeólitas, e melhorias no tratamento de esgoto podem muito bem favorecer um retorno do fosfato no século 21.

Na Holanada já é possível o retorno do fosfato na forma de fosfato de cálculo, e uma companhia química mostrou que este pode ser reciclado em STPP. Recurperar fosfato do esgoto traz seus benefícios, incluisve contendo metais pesados, como cádmio e cromo, deixando para trás um lodo que pode ser utilizado como fertilizante para fazendas.

Fosfato de cálcio é a forma como a maioria dos fosfatos ocorre na crosta terrestre, e é encontrado em castos depósitos. Ele tem sido usado apra fazer fertilizantes nos últimos 150 anos. Originalmente foi utilizada farinha de osso, que é fosfato de cálcio, mas isto proporciona relativamente pouco fertilizante atualmente e é apenas utilizada por jardineiros e fazendeiros “orgânicos”. A maioria das colheiras cresce utilizando superfosfato de cálcio, na forma mais solúvel, feita tratando-se uma pedra de fosfato de cálcio com ácido sulfúrico.

Alguns fosfatos detergentes tem reemergido sob nova aparência. Fosfato trissódico foi por muitos anos o ingrediente milagroso do Flahs, o limpador de superfícies doméstico mais vendido. Hoje este fosfato tem sido usado para remover germes que envenenam os alimentos do frango cru. Bactérias de superfície, como a salmonela, são eliminadas quando uma carcaça é borrifada com uma solução de fosfato trissódico, que funciona removendo a camada de gordura superficial que encoberta os germes e lhes permite agarrarem-se a carne. O processo teve aprovação em 1992 pela FDA nos EUA. Muitos dos milhares de casos de envenenamento por salmonela que ocorrem a cada dia podem estar associados a carbes de aves infectadas, e muitos estão sendo prevenidas com uma pequena ajuda dos fosfatos.

Texto adaptado, retirado do livro Moléculas em Exposição: o fantástico mundo das substâncias e dos materiais que fazem parte do nosso dia-a-dia. John Emsley. São Paulo: Edgar Blücher, 2001. p. 83-84.

2 opiniões sobre “Fosfatos: julgado e declarado inocente”

  1. O fósforo é indesejado em qualquer fonte de poluição, seja pontual ou difusa. É um poluente de dificílima remoção, posto que o custo do tratamento terciário é muito elevado.

    Por isso, a ação preventiva de controle sobre essa fonte, no caso, eliminação da fonte detergente em pó, constitui ação de grande vantagem ao controle da poluição, inclusive pelo fato dessa fonte representar cerca de 40% do total de fósforo dos esgotos.

    As águas brasileiras não apresentam dureza, por isso, a introdução do STPP para abrandar as águas e assim facilitar a limpeza, é desnecessária. Tanto assim que hoje os detergentes em pó já não contém mais STPP e mesmo assim continuam limpando como se tivessem STPP.

    Para finalizar, os dados da CETESB mostram redução dos níveis de concentração na água, o que sugere que a retirada do STPP dos produtos foi uma grande conquista ambiental para o Estado de São Paulo e para o País.

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    Team Esquadrão.

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